Motivo de desconforto estético para crianças e adultos, as orelhas de abano podem ser um estímulo para o bullying e para a exclusão social. A boa notícia é que o problema pode ser corrigido por meio da otoplastia, um dos procedimentos estéticos mais realizados em crianças e adolescentes.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), cerca de 2 a 5% da população sofre com as orelhas de abano, que podem ser diagnosticadas logo após o nascimento, mas ficam mais aparentes nos primeiros anos de vida. A condição só pode ser corrigida por meio de um procedimento cirúrgico, que permite criar equilíbrio e proporção entre as orelhas e a face. Para explicar melhor como funciona a cirurgia para corrigir as orelhas de abano, contamos com a participação do Dr. Guilherme Webster, membro do CDO, para elaborar este artigo. Continue a leitura e saiba mais sobre a otoplastia!
O que é otoplastia?
A otoplastia é o nome dado aos procedimentos cirúrgicos que possuem o objetivo de corrigir deformidades da orelha, sendo que a mais comum é a orelha de abano. O problema ocorre quando existe um ângulo muito aberto entre a cabeça e a orelha, deixando-a muito mais aparente. O objetivo do procedimento é corrigir as assimetrias e os problemas de angulação da orelha. Nesse sentido, a cirurgia é realizada para reparar a dobra anti-hélice, uma característica que está ausente em pacientes que sofrem com a condição, o que causa o aumento da distância entre a face e as orelhas.
Quando o procedimento é indicado?
A otoplastia é indicada a partir dos 6 ou 7 anos, idade em que o desenvolvimento da orelha já está completo. Apesar da pouca idade, é recomendado que o procedimento seja realizado quando a condição também incomoda a criança e não somente os pais: “É importante que a criança tenha a queixa; quando ela se queixar do problema é o momento ideal para realizar a cirurgia”, ressalta o Dr. Guilherme. Contudo, o especialista aponta que o procedimento apresenta algumas contra-indicações: “Quando há risco de formar uma queloide, isto é, uma cicatriz maior, não recomendamos a realização da cirurgia justamente porque pode formar uma cicatriz muito grande. Além disso, se o exame pré-anestésico mostrar coagulação no sangue do paciente, estamos diante de um impeditivo, ao menos momentâneo, para a realização do procedimento”, finaliza.
Como a cirurgia é realizada?
Considerada bastante segura, o Dr. Guilherme explica que a cirurgia pode ser realizada de duas formas: “Em adultos ou adolescentes, pode ser feita com anestesia local. Já em crianças menores é recomendada ser feita com anestesia geral, em virtude do desconforto que as injeções anestésicas causam no intraoperatório”. Após a anestesia, o cirurgião responsável realiza uma pequena incisão por trás da orelha, de forma a não deixar a cicatriz aparente. Em seguida, é feita a correção do lóbulo, da concha e do pavilhão, refazendo as dobras da orelha para deixá-la esteticamente uniforme. Para isso, é necessário retirar o excesso de pele e fazer o ligamento da cartilagem. Por fim, o cirurgião fecha a incisão com a aplicação de pontos no local. O procedimento tem duração média de uma hora e não causa grandes incômodos ao paciente.
Como se preparar para a otoplastia?
O período pré-operatório é considerado bem simples. O paciente deve realizar uma consulta pré-anestésica e alguns exames simples – como o exame de coagulação – para verificar se está apto para fazer o procedimento. Antes da cirurgia, é necessário fazer 8 horas de jejum de sólidos e líquidos. Além disso, o paciente precisa estar com a saúde em dia para realizar o procedimento. No caso das crianças, é necessário que ela esteja livre de infecções, sobretudo no ouvido. Já em adultos, além da ausência de infecções, é preciso que doenças como o diabetes e a hipertensão estejam bem controladas.
Quais os cuidados no pós-operatório?
O Dr. Guilherme alerta que a recuperação pode ser um pouco dolorosa. Ele explica quais são os principais cuidados após a realização do procedimento: “O paciente precisa usar uma faixinha na cabeça durante um mês. Nos primeiros 15 dias, é necessário usar a faixa durante o dia todo, devendo retirá-la apenas na hora do banho. Nos outros 15 dias, o paciente deve usar apenas para dormir”, esclarece. Também é importante evitar coçar ou levar a mão à área operada, já que um simples toque pode causar sangramentos ou levar bactérias que podem provocar uma infecção no local. Em alguns casos, pode haver edema e vermelhidão na região, mas estes sintomas tendem a desaparecer até o processo de cicatrização total. Em cerca de uma semana, o paciente pode retornar às atividades habituais e, aproximadamente um mês após o procedimento, pode voltar a praticar exercícios físicos. A retirada dos pontos, geralmente, ocorre após a primeira semana, devendo ser realizada no consultório médico com um profissional especializado. Os riscos de complicação são baixos, estando mais relacionados ao ato anestésico do que a cirurgia propriamente dita. No entanto, é preciso seguir as recomendações médicas à risca para evitar a necessidade de uma nova cirurgia: “Se o paciente não cuidar os pontos podem arrebentar e fazer com que a orelha volte à posição original ou fique, pelo menos, mais aberta”, adverte o especialista.
Quais resultados posso esperar?
Os métodos utilizados atualmente permitem criar um aspecto natural com total harmonização entre a face e a orelha, sem deixar aparente que a orelha foi operada. Apesar disso, o Dr. ressalta que muitos pacientes querem corrigir o problema mais do que o necessário: “Uma queixa comum é que a pessoa quer que a orelha fique colada, mas temos que deixar levemente aberta pra parecer natural”, explica.
Quando o procedimento é realizado com um profissional qualificado, as orelhas ficam bastante uniformes e trazem mais equilíbrio ao rosto, o que pode refletir no aumento da autoestima e do bem-estar do paciente. Mas, o Dr. explica que os resultados vão além da estética: “A otoplastia também acaba sendo benéfica para o aspecto psicológico, uma vez que previne problemas como o bullying”, completa.
Material escrito por: Dr. Guilherme Webster - Otorrinolaringologista - CRM 15905 / RQE 11880 Dr. Guilherme Webster é formado em Medicina pela UFSC e realizou a residência médica em otorrinolaringologia pelo Hospital do Servidor Municipal de São Paulo. Seus principais interesses são o tratamento clínico e cirúrgico em rinologia, otoneurologia, otoplastia, atendimento pediátrico e distúrbios de deglutição.
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